Um fenomeno macron no Brasil? Estrategista frances diz que sim - Guillaume Liegey
A notícia
é antiga, mas cabe registrar:
Estrategista da campanha do presidente
francês afirma que, apesar da instabilidade, há terreno fértil para o
surgimento do 'novo', sem a âncora do populismo.
Por Sofia Fernandes5 nov 2017, 06h00
A FÓRMULA - Liegey: vitória em partido pequeno e sem dinheiro de
empresas (Eric Garault/)
Guillaume
Liegey tem no currículo duas campanhas eleitorais que marcaram época:
participou como coadjuvante da equipe que elegeu Barack Obama, em 2008, e
comandou o exército de engajados do movimento En Marche!, na França, que levou
à Presidência o candidato de centro, Emmanuel Macron, em maio passado. Liegey
estará no Brasil em 6 de novembro para prospectar clientes. No Rio de Janeiro,
ele se reunirá com o Agora!, movimento que tem entre seus membros o
apresentador Luciano Huck. Também terá conversas em São Paulo e Brasília. Seu interesse
nas eleições de 2018 tem razão de ser. Ele acredita que o país mostra ter
condições para ungir um candidato de centro capaz de quebrar a polarização.
“Estou convencido de que é possível começar alguma coisa do zero no Brasil”,
afirmou. A seguir, os principais trechos de sua entrevista a VEJA, feita por
telefone, de Paris.
O Brasil tem chance de
parir um exemplar de Emmanuel Macron em 2018?
É fácil
dizer “adaptem o discurso de Macron à realidade brasileira”, mas pôr isso em
prática é difícil. Minha intuição é que muitas pessoas estão pensando em
concorrer, mas ainda não declararam. O discurso de Macron era fazer política de
um jeito diferente do que fazem os velhos partidos que têm se revezado no poder
há décadas. Funcionou na França porque havia muitos voluntários mobilizados.
Foi preciso montar uma operação profissional de captação de recursos
independente de fundos partidários e organizar o partido usando ferramentas de
dados. Estou convencido de que é possível começar algo do zero no Brasil e, se
o projeto vingar, aumentar a chance de vitória de 0,1% para 10%, como no caso
de Macron.
Qual foi a grande
inovação?
Mandamos voluntários à casa das
pessoas para fazer perguntas sobre a França: o que funciona e o que não
funciona no país, o que dá esperança e o que preocupa em relação ao futuro?
Entendo que, tradicionalmente, gasta-se muito dinheiro em TV e usam-se mídias
sociais de forma antiquada. Se as pessoas quiserem ser inovadoras, como o
momento pede, sim, haverá espaço para uma campanha como a de Macron. Bater à
porta das pessoas no Brasil não é tão fácil assim, pela dimensão do país, pela
desigualdade. Mas dá para criar um sistema em que se possam ouvir as pessoas,
levando em conta sua opinião na hora de fazer uma campanha.
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