Bolsonaro: um candidato que vai se esvaziar, ou vai ser esvaziado? - Carta Capital

Comentários iniciais de Roque Callage: 
Sua campanha entra no pior momento, o de maior crise, e pesquisas fidedignas mandadas realizar pelo DEM para saber quem apoiaria indicaram que ele perde votos a cada dia, perde 20% sobre seus próprios votos. Se continuar assim, irá ser desidratado e não chegará ao segundo turno. 
A candidatura estagnou em 20%, na melhor das hipóteses em 23% segundo o instituto de pesquisa e não avança. Perdeu capilaridade e tem mesmo só os eleitores cativos que desejam uma intervenção militar ou que são ferrenhos adeptos de um governo militarizado mesmo que civil.
Bolsonaro não é do ramo da política, apesar de estar há muitas legislaturas nela. Detesta o jogo de sedução e troca de favores que é necessário dentro da política - aqui não estou considerando compra de votos, mas garantias e afinidades que são dadas normalmente entre os agentes políticos. Pode até fazer bem não ser de dentro da Política, mas necessita de alianças.
Sem alianças não se elege e sem televisão, fica em posição muito difícil.
POR OUTRO LADO, não consegue defiinir legitimamente sua candidatura como CONSERVADORA. Para que tenha uma visibilidade doutrinária clara. X ou Y, o que o eleitorado quer saber é que cor tem o nome do bicho ....se ficar oscilando com está, até se aproximando de bandidos notórios como Valdemar Costa Neto do PR, ex-presidiário do tempo do mensalão e ainda bandido atuante, não chegará a nenhum lugar.
Poderá morrer na praia. Pessoalmente, não sou um conservador, mas defendo a social democracia do modelo alemão contra a esquerda totalitária e contra os comunistas , porém, desejaria honestamente que um candidato conservador rompesse a polarização que assistimos desde 1994.. Para reordenar o sistema social destruído pela escória da esquerda petista, e para que tenham o direito de apresentar propostas para o País e governarem por quatro anos. Quais são estas propostas de conservadores na área social, econômica, educacional? Não confundir conservadores com liberais que estão inundando como sempre o País de propostas. Falo de conservadores, como o melhor estilo britânico, ou os franceses da era De Gaulle, ou mesmo brasileiro que se encontravam em alas dos antigos PSD e UDN de 1946 a 1964. Ou de muitos do PP do Rio Grande do Sul, como a senadora Ana Amélia, ou e inúmeros da ex-Arena do Rio Grande do Sul, não os ladrões e bandidos do Nordeste. Renan Calheiros, Jucá, Sarney e outros não são conservadores, são donos de feudos e máfias políticas governadas por suas famílias.Ninguém sabe o que viria de Bolsonaro. Ele não sabe explicar.
Pelo visto, não será desta vez que isto ocorrerá. Os conservadores não têm gestão da política e não sabem conquistar o poder dentro das regras eleitorais., apresentando propostas e programas. 
Roque Callage (RS)
Recebido em 18/07/2018
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Mesmo que esteja em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto — atrás somente de Lula (PT), atualmente preso em Curitiba — o caminho do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) para tentar chegar ao Planalto não promete ser fácil.
A reportagem é de Laura Castanho, publicada por CartaCapital, 16-05-2018.
A avaliação vem de cientistas políticos consultados por CartaCapital. As pesquisas mais recentes apontam para uma estagnação nas intenções de voto ao militar de reserva, que estavam em 17% no último Datafolha, realizado na metade de abril. O professor de ciência política Fernando Guarnieri, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) vê como gargalo a dificuldade de Bolsonaro chegar em dois tipos de eleitor: as pessoas de baixa renda e as mulheres.
Bolsonaro tem quase 30% dos votos entre aqueles que recebem mais de 10 salários mínimos, mas apenas 11% entre aqueles com renda de até 1.908 reais. A parcela mais pobre do eleitorado tem forte identificação com o ex-presidente Lula, diz Guarnieri, e justamente por isso ele não poderia seguir se vendendo como antilulista. “Não vejo ele fazendo isso. Se fizer, os seus adversários vão explorar essa contradição.”
Já a baixa popularidade entre as mulheres se justificaria por atitudes controversas de Bolsonaro que foram altamente publicizada, como na circunstância em que agrediu a deputada Maria do Rosário (PT-RS).Ele afirmou à parlamentar petista que ela não merecia ser estuprada por ele.
Ainda que a taxa de rejeição das mulheres ao pré-candidato seja praticamente igual à dos homens (32% delas e 30% deles), 9% das mulheres entrevistadas declaram voto no deputado. Entre os homens, o índice chega a 22%.
Para conquistar esses dois públicos, segundo o professor, Bolsonaro teria de moderar seu discurso, “a exemplo de Alckmin, que não nega as contribuições sociais dos governos Lula”. “Como fazer isso sem decepcionar o eleitor mais radical?”, questiona.
Dúvidas à parte, o deputado sinaliza que pode seguir esse caminho. Nos últimos meses, se calou sobre questões que poderiam prejudicar a sua imagem — como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro — e vem passando por treinamento para falar com a imprensa, segundo informou o site Poder360.

Eleitorado

Até outubro, a maior fonte de desidratação do candidato deverá ser o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tem investido no discurso pró-segurança pública. “Bolsonaro divide com Alckmin os votos dos que tem preferência pelo PSDB. Seu eleitor tem perfil parecido com o de quem vota nos tucanos”, explica Guarnieri.
O perfil em questão englobaria os homens brancos de até 30 anos, com nível alto de renda e escolaridade. Entre os eleitores com renda superior a 10 salários mínimos (9.540 reais), ele chega a 29% das intenções de voto; dos que ganham até dois salários mínimos (1.908 reais), no entanto, fica em 11%. “Esse eleitor (mais rico) não é majoritário [no Brasil], e aí ele se esgota.”
Curiosamente, o perfil socioeconômico de quem diz rejeitar Bolsonaro é similar: 45% dos entrevistados com nível superior de ensino afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum. Já 36% dos que estavam na faixa de renda mais alta disseram o mesmo.
Guarnieri explica: “Quanto mais conhecido é o candidato, mais passível ele é de rejeição. Aqui no Rio [estado pelo qual se elegeu], tem uma rejeição muito mais forte ao Bolsonaro pela maior presença dele.” Como é pouco conhecido no Nordeste, teria índice menor de rejeição nesses estados.
Mas o que pensa esse eleitorado? Um relatório elaborado pela professora Esther Solano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a partir de entrevistas com simpatizantes de Bolsonaro de diferente origens, aponta que ele prospera na convergência direitista entre a segurança pública baseadas em punição e o discurso anticorrupção.
“São pessoas fundamentalmente conservadoras, com uma rejeição muito grande ao avanço dos movimentos feminista, negro e LGBT. Preconizam muito os valores cristãos, da família, da ordem, da autoridade, da hierarquia, e por isso se sentem ameaçados [por esses avanços]”, afirma Solano. “Ele é de extrema direita e reproduz discurso de ódio, mas se apresenta com uma linguagem muito juvenil nas redes sociais.”
A pesquisadora aponta que, nas entrevistas, ninguém reconhecia o discurso de ódionas falas do pré-candidato. No máximo, algumas das mulheres com quem conversou demonstraram incômodo com o que chamaram de “reação excessiva”.
A cientista política Helcimara Telles, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), enquadra o público de Bolsonaro no crescimento mundial da chamada direita alternativa, associada à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas e na saída do Reino Unido da União Europeia, ambos em 2016.
No Brasil, essa concepção da direita seria formada a partir de grupos locais, online,identitários e nacionalistas, dirigidos a pessoas de maior escolaridade e que levariam a liberdade de expressão ao extremo. Segundo Telles, pesquisadora do tema, amasculinidade seria um componente igualmente forte. “Você encontra muito mais homens do que mulheres nesses movimentos. É por isso que no Brasil eles são embalados no discurso da ‘ideologia de gênero’”, diz.
Apesar disso, Telles vê na segurança o maior espaço para que o deputado conquiste eleitores de baixa renda, que “sentem a morte na pele”. “O Bolsonaro expressa essa falta de conexão institucional com a sociedade. Mesmo não ganhando, sua candidatura diz muito sobre a crise da democracia.

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