Candidatos, vices, disputas, embates, golpes baixos...

O GLOBO ONLINE

Sem Janaína Paschoal, 'príncipe' se aproxima da vaga de vice de Bolsonaro

Antes de anúncio de advogada, Luiz Philippe de Orleans e Bragança já era o preferido pela campanha do capitão da reserva 

por Jussara Soares
O "príncipe" Luiz Philippe de Orleans e Bragança - Divulgação

SÃO PAULO - Com o anúncio da advogada Janaína Paschoal de que não será vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência, o administrador e membro da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, está muito próximo de ser confirmado na vaga. Mesmo antes da desistência oficial da advogada neste sábado, o "príncipe" - como tem sido chamado, apesar de não estar na linha direta de sucessão ao trono, abolido no Brasil em 1889 - já era o nome preferido nos bastidores da campanha do capitão da reserva.
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Na noite de sexta-feira, antes da entrevista concedida por Bolsonaro ao programa "Central das Eleições", da Globonews, Orleans e Bragança se reuniu com o comando do PSL no Rio. Após o encontro, interlocutores já afirmavam que o "príncipe estava 99,9% confirmado como vice de Bolsonaro." O anúncio oficial deve ser feito neste domingo na convenção estadual do PSL em São Paulo.
Filiado ao PSL, o integrante da família imperial ganhou força após Janaína Paschoal, em seu discurso na convenção nacional da partido, ter criticado o "pensamento único" dos seguidores de Bolsonaro e ter alertado que eles poderiam "virar um PT ao contrário."
A autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff também passou a ser rejeitada pelo grupo de Bolsonaro ao dizer que o presidenciável precisaria "moderar o discurso" e negociar divergências. Ao contrário de Bolsonaro, ela é contra a redução da maioridade penal e a favor da manutenção das cotas raciais. Também não concorda com a promessa de Bolsonaro de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal de 11 para 21. Recentemente, o capitão da reserva disse que esta hipótese está "praticamente" descartada.
Estimulados por Bolsonaro a opinar sobre quem queriam como vice-presidente, os seguidores observavam que Janaína não era "confiável" e poderia atrapalhar o presidenciável. Eles também reclamaram de há poucos dias a advogada mencionar de forma positiva Ciro Gomes, pré-candidato a presidente pelo PDT, no Twitter.
Formado em administração de empresas e com mestrado em Ciências Políticas na universidade americana de Stanford, o "príncipe" começou a se envolver com a política em 2014, quando junto com outros ativistas fundou o movimento "Acorda Brasil". Orleans e Bragança também participou da fundação do Partido Novo, mas se desfilou por ser "mais conservador." Atualmente, o "príncipe" informou que está se dedicando a escrever uma "nova Constituição" para o Brasil. Procurado pela reportagem, para falar sobre a possível candidatura, Orleans e Bragança não se manifestou.


Sem vice, PT referenda candidatura de Lula a presidente

Apesar de estar preso em Curitiba, ex-presidente foi indicado pelo partido

por Bruno Góes e Sérgio Roxo
Convenção do PT referenda candidatura de Lula a presidente - NACHO DOCE / REUTERS
SÃO PAULO — Sem o candidato que está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril e sem a definição do candidato a vice, o PT referendou neste sábado a indicação de Luiz Inácio Lula da Silva para disputar a Presidência da República pela sexta vez. Por ter sido condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá, o líder petista preenche os requisitos para ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ter a candidatura impugnada. Em reunião após a convenção, dirigentes discutiram nomes do próprio partido para indicar com vice da chapa.
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As discussões sobre a indicação ou não de um vice até domingo dominaram os bastidores da convenção. Pela manhã, dirigentes petistas se encontraram com caciques do PCdoB, mas não houve entendimento. Na convenção, o PT também anunciou o apoio de dois partidos à candidatura: PROS e PCO.
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Na impossibilidade de contar com Lula no ato realizado em uma casa de eventos no centro de São Paulo, a organização distribuiu máscara com a imagem do ex-presidente para os militantes presentes. Na hora de fazer a aclamação simbólica da indicação de Lula, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, pediu que os presentes vestissem as máscaras. Lula também apareceu em um painel instalado no fundo dos palcos.
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Nos discursos, dirigentes e lideranças petistas tentam propagar que o partido não trabalha com um plano B, apesar das discussões sobre o tema dominarem o dia-a-dia da legenda. Entre os cotados para assumir o posto de Lula, apenas o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad compareceu. O ex-ministro Jaques Wagner estava no encontro estadual do PT na Bahia. Ele pretende disputar o Senado no estado.
Em discurso, Gleisi disse que a candidatura de Lula confrontaria o "sistema financeiro", a "mídia" e a "elite política do país".
— Essa é a ação mais confrontadora que fazemos a esse sistema podre. A Justiça não faz outra coisa senão perseguir o Lula. Mas eles não vão conseguir não. De jeito nenhum, não vão tirar o Lula desse jogo. Tentaram inviabilizar Lula. Tentaram tirar Lula da discussão política. Não existe política no Brasil sem falar de Lula e sem falar de PT.
Em carta lida pelo ator Sergio Mamberti, Lula disse que, pelo primeira vez, em 38 anos, não comparecia a um encontro nacional do PT. O ex-presidente reclamou das restrições colocadas a sua candidatura.
"Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo."

Dirigentes e militantes do PT vestiram a máscara de Lula na convenção para representar ex-presidente preso - NELSON ALMEIDA / AFP

Alckmin critica 'fanáticos' e 'radicalismo' ao ser confirmado candidato

Tucano defendeu aliança com centrão dizendo que não se governa sozinho

por Cristiane Jungblut / Silvia Amorim / Letícia Fernandes
Convenção do PSDB em Brasilia com a presença do candidato Geraldo Alckmin e da sua vice, a senadora Ana Amélia - Daniel Marenco / Agência O Globo


BRASÍLIA — Candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin teve sua candidatura homologada neste sábado pelo PSDB com ataques ao PT e a Jair Bolsonaro (PSL) e uma defesa enfática da aliança com lideranças envolvidas em escândalos de corrupção.
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Alckmin associou o grupo de Bolsonaro a “fanáticos” e defensores de uma ditadura que tende a se tornar “anarquia”.
— Ainda hoje a América Latina vê regimes produzidos por quem promete dar murro na mesa dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho ou apenas acompanhado de fanáticos. Gente assim quer a ditadura, que degenera em anarquia. Precisamos da ordem democrática que dialoga, tolera diferença, ouve contraditório — atacou.
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Alckmin acusou o PT de “bravatas” e "radicalismos":
— Vamos mudar o Brasil não com bravatas, conversas fiadas, gritaria, tumulto e desarmonia entre os poderes. Foram bravatas e radicalismos que criaram a coincidência que sintetiza a herança trágica que o governo petista nos deixou. São 13 milhoes de desempregados, o número do PT.
LEIAMarina diz que 'o povo não pode ser substituído pelo centrão'
O tucano, criticado por não crescer nas pesquisas, disse que é um nome competitivo:
— Alguns dizem que serei bom presidente mas não sou bom candidato porque falta uma dose de pimenta. Mas essa eleição não é para candidato, mas para presidente. Estamos mais do que preparados para liderar esse processo de mudança.
Em defesa de aliança de sua candidatura com o centrão — DEM, PP, PR, PRB e SD — disse que não se faz um governo apenas comum bom presidente.
— Não basta uma mulher ou homem. Um governo de qualidade requer espírito público, coesão, alianças para fazer o melhor para o povo. Aceito ser candidato pelo PSDB e dos demais partidos que aqui nos apoiam nesta ampla aliança dos que acreditam no caminho do desenvolvimento e não na rota da perdição do radicalismo.
Mesmo ao lado de políticos investigados, ele afirmou que “ninguém tolera mais um estado infestado pela corrupção”.
A escolha da senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice foi explicada pelo candidato como sinal do “empoderamento” feminino:
— É uma palavra nova. Ana Amelia é empoderamento.
VACINA CONTRA CENTRÃO
O combate à corrupção foi a tônica dos discursos na convenção como uma reação às críticas que Alckmin recebe pela aliança com partidos de centrão — bloco conhecido pela prática do fisiologismo nos últimos governos.
Partícipe das conversas para convencimento de Ana Amélia a aceitar a vaga de vice, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi um dos primeiros a tentar vacinar Alckmin do desgaste pela coligação.
— Com essa chapa vamos provar que é possível governar com decência, honestidade e competência. Duvido que tenha outro candidato com a retidão e honestidade de Alckmin. Que candidato deu prova de que sabe governar com Congresso e não transformar o pais num centro institucionalizado de corrupção? Não somos iguais aos outros partidos que estão aí.
Presidente nacional do DEM, ACM Neto também reagiu aos efeitos que a composição política poderá causar para o discurso ético de Alckmin.
— Aqui estão homens sérios e comprometidos em construir um país melhor para os brasileiros – afirmou.
ACM Neto foi elogiado pelo líder do PSDB na Câmara, Nilton Leitão, pela participação na articulação da aliança entre o centrão e Alckmin.
— Foi um gigante, paciente e grande líder, que no momento em que o Brasil mais precisava, convocou todos para pensar no futuro. ACM Neto reunificou todos esses partidos que levarão Geraldo Alckmin à vitória.
Ana Amélia expôs em seu discurso que a aliança do PP com Alckmin não foi fácil. Parte do partido, incluindo o presidente, Ciro Nogueira, defendia o apoio a Ciro Gomes (PDT).
— No meu Progressista, Ciro (Nogueira, presidente nacional do PP) entendeu essa missão, apesar das dificuldades regionais que tem.
A candidata a vice também reforçou o discurso da ética.
— Quando aceitei o convite tive a honra de dizer que quero contribuir modestamente porque a régua moral de Gealdo Alckmin é a mesma que sempre usei. Tenho a responsabilidade com o dinheiro do contribuinte. Gasto apenas 30% do que tenho direito a verba indenizatória. Nunca usei auxílio moradia porque tenho minha casa. É isso que o brasileiro quer, um governo austero, uma nova forma de mostrar que este país tem jeito. E o jeito é Geraldo Alckmin presidente.



Marina diz que 'o povo não pode ser substituído pelo centrão'

Após ser oficializada candidata da Rede, ela adotou bordão 'não dá mais'  

por Jeferson Ribeiro / Maria Lima / Dimitrius Dantas
Marina Silva é confirmada candidata da Rede à Presidência - Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — Em sua terceira campanha presidencial, a candidata da Rede, Marina Silva (Rede), remodelou seu discurso de representante da "nova política", atacando as alianças tradicionais dos partidos ao dizer, durante a convenção da sua legenda neste sábado, que "o povo não pode ser substituído pelo centrão". A ex-senadora adotou o mote "não dá mais" para usar o tom de indignação que marca a eleição deste ano.
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Marina Silva foi confirmada como candidata da Rede ao Palácio do Planalto neste sábado e terá como vice o ex-deputado Eduardo Jorge, do PV, que concorreu à Presidência em 2014. Ela fez questão de dizer que a aliança é programática e que as diferenças de posição das legendas sobre temas como aborto e drogas são muito pequenas se comparadas às compatibilidades.
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— Não quero mais que o país tenha líderes para liderar o atraso, temos que disputar os avanços, e para isso o maior protagonista chama-se povo brasileiro. Só vocês podem fazer a mudança. Estamos aqui, pela terceira vez, talvez em situação bem mais difícil do ponto de vistas dos recursos, do tempo de televisão, das estruturas, mas confiante que desta vez a postura vai derrotar o mecanismo, a postura vai derrotar as estruturas, o povo brasileiro não vai ser substituído por centrões de esquerda, de direita, de centro. Eu estou é com o povo brasileiro — discursou Marina.
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O tom de indignação da população que vem sendo mostrado nas pesquisas mais recentes, com altas taxas de "não-voto", foi adotado pela pré-candidata também.
— Não dá mais para ficar numa situação em que a maioria da população quer mudar e não muda. Porque é isso que vem acontecendo nas últimas décadas. Não dá mais para crianças, como Marcos Vinícius, morrerem enquanto vão para a escola, enquanto os mais altos cargos da república são sabotados por pessoas que se escondem dentro dos palácios e do Congresso para não serem alcançados pela Justiça. Isso precisa acabar. Não dá mais — gritou a candidata em tom enfurecido, enquanto um vídeo com as palavras piscavam no telão, e a plateia repetia o mesmo bordão.
Marina refutou a ideia de que a sua candidatura não é competitiva. Ela está em segundo lugar nas pesquisas, nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas terá poucos recursos e pouco tempo no horário eleitoral.
— Não venham dizer que eu e Eduardo não temos viabilidade, mesmo com as pesquisas dizendo o contrário. Eu e Eduardo temos diferenças, mas eu aprendi a viver na diversidade — disse.
TRAJETÓRIA RELEMBRADA
Sob o canto entoado pelos militantes “eu, sou marineiro, com muito orgulho, com muito amor”, Marina começou seu discurso agradecendo a Deus por permitir que, mesmo sobrevivendo a doenças, tenha chegado até aqui para “fazer algo que o Brasil precisa”. A ex-senadora gastou grande parte da sua fala para falar de sua trajetória de superação na vida e na política.
— Tenho 60 anos, e vocês são educados e esqueceram de dizer: não parece - brincou Marina, dizendo que é movida a fé e a determinação.
Disse que é um milagre dos médicos e de Deus, por ter sobrevivido a cinco malárias e hepatites.
— E agora estou aqui, saudável, com 60 anos, mãe de quatro filhos e com esse porte admirável — completou arrancando risadas.
Além do discurso focado no diálogo com a população, Marina falou bastante também sobre necessidade de bons projetos de educação, a “primeira” fresta que teve na vida ao ser alfabetizada aos 16 anos, pelo Mobral e curso supletivo.
Em outra parte do discurso, Marina fez uma homenagem ao ex-companheiro de chapa em 2014, Eduardo Campos, falecido em um acidente de avião que a colocou como a candidata a presidente .
— Eu queria ser candidata a presidente pela Rede, mas cassaram o registro, jamais as custas de uma pessoa cheia de vida e de sonhos — disse Marina, dizendo que foi muito duro assumir a candidatura em meio à tragédia que vitimou Campos.
A pré-candidata disse ainda que 2014 foi uma guerra sem ética, sem parâmetros e agora está mais serena.
— Por isso, a Marina que chega aqui, traz essa trajetória da menina do seringal, que de tanto receber generosidades entra com o coração tranquilo. Querendo o melhor para o Brasil, com o mesmo espírito de que pessoas boas existem no PT, PSDB, MDB em todos os partidos. Com o mesmo espírito de que se ganhar vamos , eu e Eduardo, governar com os melhores. Mas não só dos partidos.
REVOLUÇÃO AMBIENTAL
Saudado como um pop star, o vice de Marina fez um discurso focado na necessidade de uma "revolução ambiental" e disse que os eleitores da chapa não devem se envergonhar de defender a postura dos partidos a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e as investigações contra corrupção.
— A Rede e o PV enfrentaram corretamente essa conjuntura. Não temam defender a posição do PV e da Rede em nenhum campo. O impeachment foi correto, a Justiça faz um trabalho necessário, que tem que valer para todos, como diz a Marina. E nós, na verdade e a rigor, a nossa posição é que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devia ter cassado a chapa que fraudou a eleição de 2014. Estas posições cruciais são corretas. Não se intimidem — disse o pré-candidato a vice.
Ele defendeu uma postura "sonhática", mas, ao mesmo tempo, com os "pés fincados na terra":
— Para que nós possamos ser sonháticos, tem que ter uma mulher que seja sonhática, mas que tenha os pés fincados na terra, como tem a Marina — acrescentou.
DIFERENÇAS MINIMIZADAS 
Após os discursos de unidade na convenção, em entrevista coletiva, a pré-candidata da Rede minimizou suas diferenças com o PV em relação a temas polêmicos, como aborto e drogas. Segundo ela, as divergências programáticas estão pacificadas desde 2010, ano de sua primeira candidatura à Presidência. À época, Marina entrou no Partido Verde apesar de ser contra algumas das principais bandeiras da sigla, como a descriminalização do aborto e a legalização do cultivo e consumo de maconha. A divergência gerou incômodo com a ala tradicional do PV. A relação também não é lembrada com carinho por alguns marineiros, que reclamaram que a legenda não investiu a estrutura necessária para a campanha daquele ano.
Marina deixou o partido fazendo críticas duras à liderança do PV, sobretudo ao seu presidente, Luiz Penna. Os dois estavam rompidos até as vésperas da convenção, quando uma conversa entre ambos, realizada no último dia 26, dois dias antes do encontro nacional do PV, reatou o diálogo. O oferta para que a legenda sugerisse um vice foi feita durante a convenção do partido de Penna.
— Inteiramente pacificado desde 2010. Eu fui candidata pelo PV e a mesma mediação que o Partido Verde fez com o olhar daqueles que se filiaram ao PV é a mesma mediação que está sendo feita agora — disse.
Ontem, uma reunião no Rio de Janeiro entre Eduardo Jorge, Penna, Carla Piranda do PV e o coordenador do programa de governo de Marina, João Paulo Capobianco iniciou as conversas entre os dois partidos. Entre os temas que os verdes querem colocar na pauta está a defesa do parlamentarismo, do voto distrital misto e da renda básica universal.
— O programa da Rede é bem detalhado, ficamos várias horas discutindo com o Capobianco. Eles estão bem avançados já, mas a discussão ainda vai levar um tempo — disse Eduardo.
No acordo que costurou a aliança entre os dois partidos também ficou definido que os parlamentares eleitos formarão um bloco parlamentar único. Os dois partidos estão em "modo de sobrevivência" para superar a cláusula de barreira e eleger, ao menos, nove parlamentares em estados diferentes ou ter 1,5% da votação para o Legislativo em nove estados. Nesse ponto, tanto Marina quanto Eduardo Jorge concordaram que a reforma política praticamente inviabiliza os pequenos partidos.
— Tem uma coligação com 11 inserções por dia de 30 segundos. E a gente tem uma de quatro em quatro dias. Aí não dá — disse.

Meirelles escolhe ex-governador gaúcho para vice em chapa pura

Germano Rigotto já teria aceitado o convite e deve ser apresentado neste domingo

por Cristiane Jungblut / Karla Gamba
Henrique Meirelles participa da convenção do MDB que o oficializou como candidato à Presidência - Evaristo Sá/AFP/02-08-2018
BRASÍLIA — Aliados do candidato à Presidência do MDB, Henrique Meirelles, confirmaram ao GLOBO neste sábado que o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto será apresentado neste domingo como vice-presidente na chapa emedebista.
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O anúncio ocorrerá na convenção do MDB gaúcho, em Porto Alegre. Meirelles inclusive irá ao Sul para participar da apresentação. Segundo aliados do candidato emedebista, Rigotto desistiu de ser candidato ao Senado. A vaga agora será do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça.
— O Rigotto tem um nome de respeito, é ligado ao Pedro Simon (ex-senador e quadro histórico do MDB), carismático e tem excelente imagem no Rio Grande do Sul — diz um interlocutor de Meirelles.
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Procurado pelo GLOBO, o ex-governador não atendeu às ligações. Um de seus assessores, no entanto, disse que "o emedebista está de olho nas especulações".

Meirelles e Rigotto estão no Palácio do Jaburu, com o presidente Michel Temer, desde o início da tarde.

Natural de Caxias do Sul-RS, Germano Rigotto começou na vida pública em 1976, quando foi eleito vereador em sua cidade natal pelo então PMDB. Em 1982, Rigotto foi eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul exercendo dois mandatos consecutivos.Na década de 1990 foi deputado federal por três mandatos, tendo sido relator de matérias relevantes como a Lei Rouanet de incentivo à Cultura e do Programa Renda Mínima.

Em 2002, o emedebista foi eleito governador gaúcho, ocupando o cargo nos anos de 2003 a 2006. Rigotto chegou a se licenciar do cargo de governador para lançar-se como pré-candidato de seu partido à Presidência da República em 2006, mas perdeu as prévias internas do partido para o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho.

Germano Rigotto tem 68 anos, é casado, formado em Odontologia e Direito e tem dois fihos.



Partido Novo oficializa candidatura de João Amoêdo à Presidência

Convenção teve presença do técnico de vôlei Bernardinho e clima de “dá pra virar”

por Aline Ribeiro
Coletiva de imprensa com João Amoedo no Teatro Santander - Edilson Dantas / Agência O Globo
SÃO PAULO - Em clima de “dá para virar o jogo”, o partido Novo lançou na tarde deste sábado (4), em São Paulo, a candidatura do engenheiro civil e administrador de empresas João Amoêdo à Presidência. Para vice da chapa, a sigla confirmou o nome do cientista político Christian Lohbauer.
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— A hora da mudança chegou e a gente tem tido ajudas diárias. Primeiro, o PT destruiu nossa economia e mostrou que o modelo que está ai não funciona. Segundo, a velha política nos afronta todos os dias com mentiras, com negociatas. Por fim, o cidadão brasileiro está mais consciente e entendendo que precisa ser protagonista da própria vida — afirmou Amoêdo.
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O evento começou com uma fala de Bernardinho, ex-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, filiado à legenda desde 2016 e apresentado como “embaixador” do Novo. Bernardinho usou a metáfora do esporte para motivar o público. Ao exibir à plateia um vídeo em que um time já desenganado consegue vencer o concorrente invicto num jogo de hóquei no gelo, sugeriu que mesmo os candidatos mais fracos têm chance de vencer. Foi aplaudiu de pé. Tambores e confetes coloridos ajudaram a empolgar as cerca de mil pessoas presentes. Alguns filmavam tudo com pau de selfie.
As últimas pesquisas dos institutos Datafolha e Ibope, de junho, mostram o candidato Amoêdo com só 1% das intenções de voto - tanto no cenário que inclui a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto no que não inclui. Durante a convenção nacional, Amoêdo colocou em dúvida os resultados.
— Tem uma coisa interessante. Nosso 1% enche todas as salas onde a gente vai. Será que é 1% mesmo?
Na defesa do Estado enxuto e do fim dos privilégios, Amoêdo se apresenta como alternativa à chamada velha política:
—As principais coisas que queremos fazer é dar oportunidade para as pessoas. A gente está vendo as pessoas irem embora do Brasil, que sempre foi o país do futuro, da esperança. As pessoas não estão vendo opção de trabalho, de melhorar a qualidade de vida — afirmou.
O carioca de 55 anos fez carreira no setor bancário: foi diretor executivo do Banco BBA Creditanstalt, vice-presidente do Unibanco e membro do conselho do Itaú BBA. Seu vice, Christian Lohbauer, foi gerente de Relações Internacionais da FIESP e secretário-adjunto de Relações Internacionais da cidade de São Paulo. A receita do partido para o país incluiu uma agenda de privatizações:

—O estado brasileiro não deveria estar fazendo gestão de posto de gasolina, entregando correspondência e atuando no sistema financeiro. Gostaríamos de tirar essas empresas da gestão do estado, passar pra iniciativa privada. Para que o estado possa colocar todos seus recursos, toda sua capacidade de gestao nas áreas essenciais — disse Amoêdo
Na tarde de sábado, o Novo lançou ainda a candidatura de cinco candidatos a governos estaduais - Alexandre Guerra (DF), Marcelo Trindade (RJ), Matheus Bandeira (RS), Rogério Chequer (SP), Romeu Zema (MG) - e seis candidatos ao Senado, além de 244 candidatos a deputado federal e 157 a deputado estadual em 19 Estados.
De olho na alta carga tributária e os insuficientes serviços recebidos do Estado, Amoêdo criou o Novo em 2011. De agenda ultraliberal, seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só ocorreu em 2015. O partido se define como o único a se financiar apenas com doações voluntárias de seus apoiadores, sem fazer uso dos fundos Partidário e Eleitoral. A legenda adota como prática uma seleção de seus filiados e candidatos - exclui, entre outros, condenados com sentença transitada em julgado e praticantes de improbidade administrativa e abuso de poder político e econômico. Para as candidaturas, foram aprovados 490 dos 1.300 inscritos.
O partido tem 14 mil voluntários, 21 mil filiados e 19 diretórios. O programa de governo da chapa que concorre à Presidência é coordenado pelo economista Gustavo Franco, um dos autores do Plano Real, também presente no evento.
FUNDADOS DO NOVO COM BOLSONARO
Um dos fundadores do Novo, o administrador e membro da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, está próximo de ser confirmado para o cargo de vice do pré-candidato Jair Bolsonaro, do PSL. Orleans e Bragança se desfilou do Novo por se dizer "mais conservador" do que a legenda. Antes disso, ele havia sido cogitado como candidato a deputado estadual pelo Novo.
Com o anúncio da advogada Janaína Paschoal de que não será vice na chapa de Bolsonaro na disputa pela Presidência, o "príncipe" - como tem sido chamado, apesar de não estar na linha direta de sucessão ao trono, abolido no Brasil em 1889 - passa a ser o nome preferido nos bastidores da campanha do capitão da reserva.



Álvaro Dias é oficializado candidato e quer Moro como ministro da Justiça

Senador aproveitou o discurso pela ética e pela moralidade para atacar o PT

por Gustavo Schmitt
Convenção do Podemos oficializa candidatura do senador Álvaro Dias à Presidência - Gustavo Schmitt/ Agência O GLOBO
CURITIBA — Ao oficializar sua candidatura ao Planalto em convenção neste sábado, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que, caso seja eleito, convidará o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para assumir o ministério da Justiça. Dias prometeu defesa "intransigente" das investigações da operação Lava-Jato.
LEIA: As entrevistas dos presidenciáveis ao GLOBO
— Quero prestar uma homenagem à República de Curitiba, onde nasce uma nova Justiça nesse país. Nessa homenagem à essa República quero assumir o compromisso de defesa intransigente da Lava-Jato. Vou convidar pra ser ministro da Justiça o juiz Sergio Moro. A limpeza não terminou. Tem que continuar — disse o candidato, sem garantir que Moro tenha aceitado o convite.
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Procurado, o juiz Sergio Moro preferiu não se manifestar.

Mais tarde e já no final da convenção, Dias disse que Moro não tinha conhecimento de que seu nome foi cotado pelo candidato para o ministério.
- Ele não sabia - afirmou.
O senador também aproveitou o discurso em defesa da ética e da moralidade para atacar o PT que quer lançar como candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a despeito de sua condenação em segunda instância tornando-o ficha suja.
— Vamos acabar com essa anarquia que querem estabelecer. Querem que preso e condenado seja candidato. Querem sair da prisão para o Palácio do Planalto. Lugar de ladrão é na cadeia. Não é no Palácio do Planalto — disse.
Dias prometeu ainda formar o governo com um time de juristas como Modesto Carvalhosa, Miguel Real e Júnior e René Dotti, advogado que defende a Petrobras no âmbito da Lava-Jato.

Reale foi um dos responsáveis pela formulação do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
O Podemos também aprovou o companheiro de chapa, Paulo Rabello de Castro, do PSC, como vice. Rabelo chegou a ser oficializado como candidato à Presidência da República pela sua legenda no dia 20 de julho. Mas o PSC mudou sua posição e decidiu, em reunião da Executiva Nacional, nesta semana, optar pela coligação com o Podemos.

Ex-presidente do BNDES no governo Temer, que está imerso em denuncias de corrupção, Rabello de Castro também incorporou o discurso anticorrupção.
—Vamos acabar com a República dos canalhas— vociferou.
A coligação de Dias terá quatro partidos : Podemos, PRP, PTC e PSC.
Embora faça criticas a política tradicional e a alianças espúrias para aumentar tempo de TV, Dias está sendo acusado de traição no Paraná e logo contra seu irmão e ex-senador Osmar Dias (PDT), que disputava a liderança da eleição estadual e desistiu da candidatura. Osmar declinou do pleito logo após seu irmão fechar um acordo político com o PSC, cujo diretório do Paraná é controlado pelo deputado estaduasl Ratinho Júnior (PSD), filho do apresentador e dono da rede Massa de televisão, repetidora do SBT no estado. Sem a participação de Osmar, a tendência é que a disputa fique entre Ratinho Júnior e atual governadora Cida Borghetti, mulher de Ricardo Barros, ex-ministro da Saúde do governo Temer.
Nos bastidores, o acordo entre Dias e Ratinho teria como contrapartida o apoio do apresentador de TV ao candidato em agendas no Nordeste. Segundo aliados, Dias considera a região estratégica para que possa crescer nas pesquisas de intenção de voto.
Osmar Dias teria ficado chateado com a postura de Dias. No entanto, os dois têm acordo de não agressão.
No evento, Dias minimizou o episódio e disse que não vai apoiar nenhuma candidatura na eleição estadual. Frisou ainda que agora o mais importante é o Brasil. 




'Chance de Ciro ser vice de Lula é zero', diz presidente do PDT

Carlos Lupi afirma que candidato pedetista já tem quatro nomes na lista de vice

por Geralda Doca
O presidente do PDT, Carlos Lupi, e o candidato do partido à Presidência, Ciro Gomes - Ailton de Freitas/Agência O Globo/20-07-2018
BRASÍLIA — O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou neste sábado que o presidenciável Ciro Gomes só não será candidato ao Palácio do Planalto, se ele "morrer ou renunciar". Diante dos rumores alimentados pelo PT de uma possível composição com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lupi afirma que não existe chance de Ciro ser vice do petista.
ENTENDA: O PT pode escolher o vice de Lula depois do prazo das convenções?
— A chance de Ciro ser vice de Lula é zero. A candidatura de Ciro já foi registrada e a lei mudou. Só existem duas possibilidades de Ciro não se candidatar, morte ou renúncia. Não queremos que ele morra, e ele não vai renunciar — afirmou Lupi ao GLOBO, acrescentando que a executiva do partido só pode escolher agora o vice da coligação.
LEIA: Após ataques ao PT, Ciro diz que partido não é seu 'inimigo'

Lupi disse que o partido negocia com quatro nomes para indicar quem será o vice do candidato do PDT. Segundo ele, se não for possível fechar um acordo até esse domingo, será adotada uma solução caseira, com gente do próprio PDT. Ele não quis informar os nomes, mas disse que existe uma mulher no páreo.
Neste sábado, o candidato conseguiu seu primeiro apoio, do Avante. O deputado Silvio Costa (PE) é cogitado para compor a chapa. Outra possibilidade é a senadora Katia Abreu (PDT-TO).
Já a candidatura de Lula foi referendada neste sábado em São Paulo. Preso em Curitiba desde abril, preenche os requisitos para ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ter a candidatura impugnada, por ter sido condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá. Internamente, a legenda discute a indicação de um plano B quando isso acontecer.
As discussões sobre a indicação ou não de um vice até domingo dominaram os bastidores da convenção. Pela manhã, dirigentes petistas se encontraram com caciques do PCdoB, mas não houve entendimento. Na convenção, o PT também anunciou o apoio de dois partidos à candidatura: PROS e PCO.


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