No frenesi da pre-campanha presidencial - Noticias, 6/08/2018

O GLOBO ONLINE

Para despistar plano B, PT diz que escolha de Haddad como vice é temporária

Presidente da legenda afirmou que Manuela ficará com o posto futuramente  

por Sérgio Roxo
Fernando Haddad foi escolhido para ser vice na chapa de Lula - NELSON ALMEIDA / AFP
SÃO PAULO. Para tentar manter de pé o discurso de que o PT não trabalha com um plano B para a corrida presidencial, a direção do partido adotou o discurso de que o ex-prefeito Fernando Haddad será vice da chapa somente "até a regularização situação judicial" do ex-presidente Lula. A presidente da legenda, Gleisi Hoffamnn, afirmou que Manuela D´Ávila, do PCdoB, ocupará o posto futuramente. Reservadamente, petistas admitem que Haddad será o substituto de Lula.
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— Discutimos uma estratégia de participação em que até a regularização da situação judicial a vocalização da campanha do presidente Lula seria feita através de um companheiro do PT. Então, decidimos conjuntamente, PT e PCdoB, de colocar neste momento como candidato a vice-presidente da República o companheiro Fernando Haddad para fazer a representação do presidente até tão longo se estabilize a situação do presidente Lula. A partir de amanhã, já iniciamos a pré-campanha com Haddad e Manuela saindo pelo Brasil — afirmou Gleisi, já na madrugada desta segunda-feira.
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A dirigente petista ainda destacou que Lula referendou o convite a Manuela.
— Quero dizer formalmente que o presidente Lula pediu que eu convidasse o PCdoB para integrar a sua chapa fazendo o convite para Manuel D´Ávila ser a candidata a vice-presidente.
No pronunciamento, Gleisi se queixou do que chamou de "reinterpretação" da legislação eleitoral para obrigar as coligações a definirem a formação das chapas até a data final de convenções, encerrada neste domingo.
— Sempre os partidos políticos tiveram a oportunidade até a data de registro da candidatura de fazer os ajustes nas chapas. Isso é uma realidade política do nosso país. Nós entendemos que interpretação de técnicos do Tribunal foi feita justamente para colocar mais obstáculo à candidatura do presidente Lula. Mas não vamos dar nenhum razão para impedirem o presidente Lula de ter o seu registro no dia 15 de agosto.
Haddad falou rapidamente e evitou se apresentar como candidato. Ele falou apenas em integrar o programa de governo do PCdoB ao do PT.
Já a presidente do PCdoB, Luciana Santos, lamentou o fato de a aliança fechada não abranger também Ciro Gomes, do PDT.



PCdoB decide retirar candidatura de Manuela D'Ávila à Presidência

Acordo com PT prevê promessa de espaço futuro em chapa presidencial  

por Sérgio Roxo
Manuela d'Ávila deverá ser indicada nos próximos meses para o posto hoje ocupado por Haddad - Jorge William / Agência O Globo
SÃO PAULO — Após várias rodadas de reuniões com dirigentes petistas, a direção do PCdoB decidiu no fim da noite deste domingo retirar a candidatura da deputada federal Manuela D'Ávila à Presidência da República. A decisão permite ao partido coligar-se oficialmente com o PT na disputa presidencial, em chapa que a princípio é liderada por Lula e tem Fernando Haddad como vice.
Embora sua candidatura tenha sido encerrada, na prática, Manuela D'Ávila não ficará sem espaço na chapa petista. Isso porque de acordo com os termos do acordo celebrado neste domingo, nos próximos meses ela deverá indicada para o posto hoje ocupado por Haddad.
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Condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá, Lula deve ter sua candidatura ao Palácio do Planalto impugnada, com base na Lei da Ficha Limpa. Neste caso, a previsão é que Haddad assuma a cabeça da chapa e Manuela ocupe o lugar de vice.
Caso Lula consiga levar adiante a candidatura, Haddad está disposto a abrir mão do posto para dar espaço à aliada na chapa. De acordo com a legislação eleitoral, nomes da chapa presidencial podem ser alterados até 20 dias antes do pleito.
Nos próximos dias, Haddad e D'Ávila devem iniciar uma série de viagens pelo Brasil, para divulgar propostas de governo.
Ao lançar sua pré-candidatura à Presidência, na última quarta-feira, em Brasília, D'Ávila já dava sinais de que estava disposta a dialogar para tentar "unidade" entre as forças de esquerda.
— A unidade da esquerda deve ser defendida até o último dia que seja possível — disse na ocasião, em discurso aos militantes.
A deputada federal tem defendido Lula com regularidade. Em discurso, afirma que o ex-presidente está preso "porque lidera as pesquisas" e que "o maior líder do país está encarcerado injustamente".
— Nossa campanha sempre se somou ao grito de Lula livre — disse Manuela.


Geraldo Alckmin garante o maior tempo de televisão

Pré-candidato do PSDB terá 5 minutos e 32 segundos; PT vem na sequência, com 2 minutos e 8 segundos, seguido de MDB e PDT  

por Karla Gamba
Geraldo Alckmin (PSDB) na convenção do PPS - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
BRASÍLIA - Prestes a encerrar o prazo para os partidos fecharem coligações e apresentarem seus candidatos a presidente da República e vice, já é possível desenhar qual deve ser o tempo total de propaganda na televisão, no horário eleitoral gratuito, que cada aspirante ao Palácio do Planalto terá.
Em cada bloco fixo de 12 minutos e 30 segundos — tempo do horário eleitoral destinado para a propaganda das candidaturas presidenciais — o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, é o que mais aparecerá na telinha entre os 14 presidenciáveis.
O ex-governador de São Paulo garantiu o maior tempo de TV, de 5 minutos e 32 segundos, após fechar a mais ampla aliança da eleição, contando com o apoio de PP, PR, PTB, PPS, DEM, PRB, Solidariedade e PSD.
Negociações em curso
Com 2 minutos e 8 segundos, o PT terá o segundo maior tempo. Até o momento o partido mantém a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da expectativa de impugnação por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa após ter sido condenado em segunda instância. A estratégia petista é esticar a corda e indicar um substituto no limite do prazo. Embora o PT tenha sinalizado que vá indicar um vice da própria legenda para Lula, a cúpula do partido afirma que ainda mantém diálogo com o PCdoB e mantém a esperança de atrair o PDT. A eventual aliança com algum destes dois poderia garantir um tempo melhor para o candidato petista. O PCdoB resiste em retirar a pré-candidatura de Manuela D´Ávila sem ter a vice e o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, já afirmou que é uma “viagem lisérgica” considerar que ele pode integrar uma chapa encabeçada pelo PT.
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O MDB terá 1 minuto e 55 segundos para fazer propaganda de seu pré-candidato, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Sem apoios fortes e com uma chapa pura, tendo o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, também do MDB, como vice, a legenda garantiu um bom tempo graças à bancada expressiva de deputados federais.
Em seguida vem o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, com 40 segundos de propaganda. Fracassada a ofensiva de buscar apoio do centrão, o que teria lhe garantido um tempo melhor de TV, Ciro ficou apenas com o apoio do Avante e anunciará hoje sua correligionária, a senadora Kátia Abreu, como vice.
O pré-candidato do Podemos, senador Álvaro Dias, também ficará com 40 segundos de televisão para apresentar suas propostas. O senador conseguiu o apoio do PSC, que indicou Paulo Rabello de Castro para ser seu vice, do PRP e do PTC.
A pré-candidata Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, terá 21 segundos de TV. Marina, em sua terceira disputa ao Planalto, tem o apoio apenas do PV, que indicou o ex-deputado Eduardo Jorge para ser seu vice.
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O presidenciável do PSOL, Guilherme Boulos, terá 13 segundos para apresentar sua candidatura na televisão. O PSOL tem o apoio do PCB, mas sairá com chapa pura, tendo a indígena Sônia Guajajara como vice de Boulos.
Apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos nos cenários sem o ex-presidente Lula, o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, contará com apenas nove segundos de propaganda na TV, o mesmo tempo que terá José Maria Eymael (PSDC) e Cabo Daciolo (Patriota), candidatos bem menos expressivos nas pesquisas. Bolsonaro tem o apoio do PRTB, que indicou ontem o general da reserva Hamilton Mourão para ser seu vice. O deputado tem investido em redes sociais e em grupos de WhatsApp para divulgar sua pré-campanha.
Após várias rodadas de reuniões com dirigentes petistas, a direção do PCdoB decidiu no fim da noite deste domingo retirar a candidatura da deputada federal Manuela D'Ávila à Presidência da República. A decisão permite ao partido coligar-se oficialmente com o PT na disputa presidencial, em chapa que a princípio é liderada por Lula e tem Fernando Haddad como vice.
Na lanterna
Velho conhecido das disputas presidenciais, Eymael terá como vice o pastor Helvio Costa, seu correligionário. Já o deputado Cabo Daciolo, estreante na disputa ao Planalto, terá como vice Suelene Balduino Nascimento, também do Patriota.
Os candidatos do PSTU, PPL e Novo serão os menos vistos na TV. Vera Lúcia (PSTU), João Goulart Filho (PPL) e João Amoêdo (Novo) terão apenas cinco segundos, cada um, de propaganda eleitoral na TV. Os três partidos terão chapa pura, tendo como vices, Hertz Dias , Léo Alves e Christian Lohbauer, respectivamente.


Henrique Meirelles desconversa sobre proteção a grupo de Temer, caso eleito

Candidato afirma que recolocará Brasil na rota do crescimento econômico 

por Letícia Fernandes / Paulo Celso Pereira / Robson Bonin
Henrique Meirelles (MDB) vai ser o candidato de Temer à presidência - Jorge William / Agência O Globo
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, 72 anos, já disse que a Presidência da República é uma questão de “oportunidade e destino”. Indicado pelo MDB para disputar o Palácio do Planalto, ele pretende usar a oportunidade para, se eleito, recolocar o país no rumo do crescimento. Seus aliados, porém, esperam que ele assegure alguma tranquilidade ao destino do grupo político do presidente Michel Temer que ficará sem o foro privilegiado a partir de 31 de dezembro. Sobre esse assunto, ele afirma que só analisará contratações depois de eleito. Ciente do desafio de representar na urna o governo mais impopular da História, Meirelles tenta se descolar de Temer oferecendo aos brasileiros, em troca do voto, as suas realizações na economia. “Eu retirei o Brasil da maior recessão da História”, disse ao GLOBO.
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O slogan do senhor é o “Chama o Meirelles”. Se o povo o fizer, o senhor vai chamar ao seu governo Eliseu Padilha, Romero Jucá, Moreira Franco e Temer?
Eu nunca nomeio equipe na véspera. Só depois que eu fui empossado tanto no Banco Central quanto no Ministério da Fazenda é que comecei a montar uma equipe. Vou tomar essa decisão o dia que eu vencer a eleição e começar a compor o Ministério.
O senhor costuma dizer que tem biografia limpa. Não fica constrangido em posar ao lado de Temer e ministros investigados?
Eu não escolho os líderes do país. Agora, a minha biografia é o que reflete a minha história e as minhas atitudes. Fui presidente de uma grande organização internacional no exterior e posava ao lado de líderes do setor empresarial. Voltei ao Brasil, fui a Goiás e posei ao lado de líderes do partido, na época o PSDB. Entrei no Banco Central, posei ao lado do Lula e de ministros dele. Hoje, com toda a satisfação, poso sim ao lado dos líderes do MDB.
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Como pretende crescer nas pesquisas sendo candidato do governo Temer?
Eu sou o candidato da geração do emprego e da renda. Qualquer governo que eu participei, isso é muito facilmente entendido pelo eleitor. Quando a campanha na TV começar a levar aos eleitores a informação sobre tudo que eu já fiz pelo país, o eleitor vai reagir favoravelmente.
Vai defender a biografia do presidente?
Eu vou defender a biografia do que nós fizemos, que é positiva e inquestionável.
Pretende receber empresário na calada da noite para conversar?
Não. A minha biografia já diz. Já tem as respostas para tudo isso. Eu não estou dizendo que vou ou não vou receber. Estou dizendo o que eu já fiz e o que eu faço. Não vou ficar especulando. “Você faria aquilo que o Lula fez? Faria aquilo que os líderes do PSDB fizeram?”. Defendo a minha história pessoal, independentemente de qualquer governo para o qual eu trabalhei.
A retomada econômica é lenta, há 13 milhões de desempregados no país. Que resultados o senhor vai apresentar na campanha?
Eu retirei o Brasil da maior recessão da História. O que ocorreu, no entanto, não tem a ver com recuperação econômica que foi feita, tem a ver com a incerteza eleitoral causada por candidatos de extremos. Um que propõe a volta das políticas que levaram à recessão e ao desemprego e o outro que diz que não entende de economia e vai delegar para alguém o trabalho dele.
A negociação da reforma já foi feita e não precisa voltar atrás. Está no Congresso e eu acho que será aprovada. Os demais temas são projetos que levam ao crescimento econômico, ao aumento do emprego e da renda, ao controle da inflação com juro mais baixo, incluindo autonomia do Banco Central.
O que o senhor não abre mão na reforma?
É o que já foi negociado com o Congresso. Hoje, o trabalhador que ganha menos não consegue completar 35 anos com carteira assinada. Aposenta por idade, com 65 anos. Aprovada a reforma, aqueles que se aposentam cedo, com altos salários, vão ter que trabalhar mais tempo para aposentar.
Como seria concorrer com um candidato preso e condenado por corrupção (caso do ex-presidente Lula, que cumpre os requisitos para ser considerado ficha-suja)?
É direito do partido propor o candidato que julgar adequado. Porém, sou favorável ao fortalecimento das instituições e que se respeite as decisões da Justiça. O partido pode pleitear, mas é a Justiça que define.
O ex-presidente Lula se corrompeu?
Estou aguardando a decisão final da Justiça para ter uma conclusão.
ARTIGO: A vitória da velha política
É a favor da prisão em segunda instância?
Acho que compete ao Supremo discutir. Não sou advogado e não pretendo tomar o lugar do Tribunal. No meu plano de governo não consta um plano de alteração de regras penais. Respeitarei o que for decidido.
O senhor divulgou um vídeo em que Jair Bolsonaro chama Maria do Rosário de vagabunda. Que mensagem queria passar?
Simplesmente divulgar a verdade. Eu não gosto de calúnia, não gosto de adjetivos para se ficar tentando classificar adversários, falando informações falsas.
Ciro Gomes disse que o senhor não confia no Brasil. Por isso levou seu dinheiro para paraíso fiscal.
Uma coisa falsa e desinformada. Quando eu morava no exterior, abri a Fundação Sabedoria para deixar a ela, quando eu morrer, uma parte da minha herança para investir em educação no Brasil. Foi feita uma pequena doação nominal para constituir a fundação, tudo declarado à Receita Federal em 2002. Se o ex-governador fosse estudar o assunto, saberia que isso foi suficientemente divulgado no caso Panama Papers e ficou claro que, na realidade, é algo positivo. Quantas pessoas criam uma fundação para financiar educação no Brasil? Quem pode criticar isso?
Prorrogaria a intervenção na segurança do Rio?
A intervenção foi uma necessidade. Não havia alternativa naquele momento. O governador mostrou a impossibilidade de enfrentar o problema ante a crise fiscal. Agora, o trabalho será de recuperar a polícia no país. Tem estado que há mais de dez anos não contrata efetivo e nem compra viatura. Não tem polícia que consiga atuar nessas circunstâncias. Então, temos que equipar as polícias.
Como o senhor vai fazer campanha no Rio tendo dois caciques do seu partido, Sérgio Cabral e Jorge Picciani, na cadeia. Vai ao palanque dos filhos deles?
Aceito apoio de todas as lideranças importantes que queiram me apoiar. Não sou justiceiro e respeito as instituições. Vou aceitar apoio de todos os líderes em condições legais de me apoiar.
Qual a sua posição sobre o aborto?
Eu sou a favor da lei atual que prevê situações onde isso é justificável.
E sobre a descriminalização da maconha?
Eu sou favorável à aplicação da lei atual, uma lei de 2006, que veda a prisão de usuários da maconha. Acho que não deve ser mandar à prisão o usuário, mas tem que se fazer políticas visando desestimular o consumo.
O que pensa da redução da maioridade penal?
É uma ideia, a princípio, boa. No Brasil, temos um amadurecimento cada vez mais cedo, mas tem que colocar alguma diferenciação entre o crime cometido a partir de 16, 18 e 21 anos.
E sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo?
As pessoas têm direito de exercer a sua preferência. Acho que não pode ser nem propagado nem proibido.

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